15/05/13

23 anos depois estamos de volta e não sei o que me vai na cabeça

Lembro-me vagamente da última final europeia do Benfica. Lembro-me sim que havia um entusiasmo enorme à volta do jogo. Falava-se naquilo semanas antes e não se pensava noutra coisa.
 
23 anos depois estamos de volta. Custou, mas foi. O entusiasmo seria o mesmo se... não tivesse acontecido nada de especial no sábado.
Até podiamos ter perdido o jogo. Mas da maneira que foi, tornou tudo mais dramático e doloroso.
 
O Benfica podia até estar arredado do título há mais jornadas, e aí tenho a certeza absoluta que o entusiasmo que se sentiria no ar seria outro. Seria maior. A Liga Europa serviria para "esquecer" as falhas noutra competição. Desta vez, é quase jogada como o tudo ou nada de uma época, 4 dias depois de um dos maiores baldes de água fria da história do clube.
 
Tentando comparar o que sinto neste momento... talvez a saída de João Pinto para o Sporting. Ver um ídolo sempre a jogar bem (como dizia a música da claque rival) apesar das equipas miseráveis, o inesquecível 14 de Maio de 1994... e depois dispensá-lo, levando-o a assinar por um clube rival, acho que pode estar equiparado a um pontapé indefensável aos 92 minutos de jogo numa época, até à altura, quase quase perfeita. Não foi cá o Euro2004 que me deixou num estado parecido, de certeza. Apesar de apoiar sempre a selecção nacional.
 
Sinto-me um bocado culpado pela falta de entusiasmo com que estou para a final. Não é o adversário poderoso (pelo menos em termos de orçamento) que me faz estar assim. Acho que chegar à final com o Chelsea dá-nos cerca de 30% de hipóteses de vencer em condições "normais", isto é, noutras circunstâncias em termos psicológicos. Não sei como os jogadores estão neste momento, não sei como vão reagir, não sei nada. Não sei se vamos jogar o que jogámos grande parte da época. É um tiro no escuro.
 
Nós sentimos o Benfica, os jogadores não. Muitos são estrangeiros. Mas acredito que o choque tenha sido tão grande para eles como para nós. A diferença é que nós podemos levar as mãos à cabeça e entrar em depressão nos dias seguintes, eles têm de se preparar para uma final europeia.
 
Aconteça o que acontecer, não sejam duros com a equipa. Amanhã há um grande factor de aleatoriedade no comportamento dos jogadores. Já tentei várias vezes meter-me no lugar deles, arranjar motivação, entusiasmo, não conseguir dormir de ansiedade por causa do jogo, mas está difícil.
 
Não foi Vigo, não foi uma ida a Atenas, não foi o 5-0 no Dragão e certamente não será um golo do Kelvin aos 92 e uma possível derrota com o Chelsea.
 
Por mais morto que me sinta, lá dentro há sempre Benfica. Quase que escrevo isto a tentar motivar-me. E como disse um forcado da nossa praça, estou todo negro mas com vontade de levar mais.
 
Amanhã vou acordar bem disposto. Tenho de acordar bem disposto.

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