Agora escrevo em 2 estabelecimentos, portanto se virem isto escrito em outro sítio não estranhem. É da autoria do pior lateral-esquerdo do Benfica. 'Tás a ouvir oh Emerson?
Como em qualquer início de época, as esperanças e expectativas são grandes. Os novos cromos (leiam-se reforços) são endeusados pelos adeptos, ou noutros casos são logo apelidados de flops. O assador da Luz funciona a todo o gás durante todo o ano e consegue queimar quaquer atleta em pouco tempo.
Tinhamos um plantel fantástico. Witsel mostrava-se um grande reforço.
Nolito era melhor que Gaitan (especialmente para os que estão fartos do
argentino), Bruno César era bom jogador, and so on.
Com todo este entusiasmo começaram a surgir as primeiras profecias. "Jesus, se com um plantel destes não ganhas...".
A construção do plantel.
Quando terminou o período de transferências de Verão, dei por mim a pensar "Temos um bom 11, mas este plantel... está feito um bocado à balda".
E passo a explicar; na minha opinião há uma regra fundamental para
construir um plantel: a existência de 2 jogadores por posição. E acho
que uma das coisas que falhou neste Benfica foi a má construção do
plantel.
Maxi Pereira não tinha um suplente directo. Apostava-se na polivalência
de Rúben Amorim. Mas depois deixou de haver Amorim, e passou a
haver...Witsel. E o meio campo sentia-se.
Não havia um 8 para render Witsel. Não havia um 10 para render Aimar. Em
suma, não havia Carlos Martins. O sistema que melhor funcionou, na
minha opinião, durante esta época, foi o que tinha Javi-Witsel-Aimar no
11. Quando Aimar não jogava adiantava-se Witsel, e na minha opinião o
belga perdia qualiade.
Não havia um extremo/médio direito. O que havia voltou para a argentina.
Sul-americanos que vêm para a Europa tão, salvo raras excepções, não
costumam triunfar.
Matic tardou em afirmar-se como um suplente para Javi. Acabou por fazer uma boa recta final.
Acho que um dos factores que influenciou a irregularidade da equipa foi a
falta de alternativas concretas no plantel. O quê, vão me dizer que o
extremo direito era Djaló? Ou que o lateral direito era Miguel Vítor,
que pode fazer o lugar?
A questão Emerson.
Ou o segundo capítulo da questão Roberto.
Roberto tinha um peso muito grande no plantel do Benfica. Pesava, mais
coisa menos coisa, 8 milhões de euros. Ora num clube destas dimensões,
há factores além do futebol que também jogam. No caso de Roberto
acredito que tenha sido o preço... Jesus, labrego como é, viu,
de certeza, como todos vimos, a falta de qualidade do guarda-redes. Mas
há coisas que se calhar não dependem só dele.
Mas agora Emerson. Capdevilla mostrou, sempre que jogou, ser melhor que o
brasileiro. Mas também acredito que no início tenha vindo para cá passar férias
e pensar que isto eram favas contadas. Talvez uma pior atitude no
início da época tenha feito com que Jesus se tivesse chateado com ele.
Mas lá está, isto são tudo suposições. O que podemos
analisar é aquilo que vemos. E o que vimos foi um jogador que claramente
não tem condições para actuar no Benfica e foi o elo mais fraco toda a
época. Eu não pedia um novo Coentrão, mas pedia algo decente.
As arbitragens.
Mais uma época em que se confirmou a má qualidade dos árbitros portugueses.
A campanha europeia.
Gostei.
Fizemos uma boa fase de grupos. Chegámos aos quartos e tivemos uma
prestação digna. Não quero que seja visto como falta de ambição, mas
quem me dera que chegássemos aos quartos todos os anos. Criar
regularidade na Europa é um passo para a afirmação do clube além
fronteiras, além de que ajuda o recheio dos cofres. É preciso criar esta
tradição na Liga dos Campeões.
O treinador.
E usando algo que já tinha escrito aqui.
Jorge Jesus é capaz de ter sido o melhor treinador que vi a passar pelo Benfica.
Não sou muito novo nem muito velho, e infelizmente assisti a muitos anos e
sequências que não lembram ao diabo. Bailes de treinadores. Nas últimas 3 épocas
vejo um Benfica que não é a melhor equipa de sempre obviamente mas, conseguiu
ser regular, digamos assim. E ser regular não quer dizer, infelizmente, títulos.
E é disto que vivemos. Na 1ª época praticámos um futebol fenomenal, ganhámos o
campeonato, Taça da Liga e chegámos longe na Liga Europa. O ano passado foi
traumatizante e todos sabemos porquê, e onde falhámos mais acho que foi no
campeonato, além de que quando ficou matematicamente quase impossível Jesus
desistiu. Taça da Liga, meias finais de uma competição europeia. OK eu sei que
foi com o Braga, custa. Mas mérito a quem o merece não?
O que quero dizer com isto é
que o Benfica endireitou-se como instituição e aos poucos se está a endireitar
como equipa vencedora. Isto não se faz num ano e talvez nem em dois ou três.
Ainda sonho com um Sir Jesus. A pastilha já a tem.
A irregularidade de alguns jogadores.
Já disse por aí que o Benfica é uma equipa difícil de treinar. Dou-vos
como exemplo Nolito e Bruno César, e numa fase mais adiantada da época
Gaitan.
Num jogo, Jesus opta por jogar com Bruno César em vez de Nolito. Bruno
César arrasta-se, é substituído aos 60 minutos. Nolito entra, e com a
sua irreverência muda o futebol do Benfica. Pensamento automático O Nolito é que devia ter jogado!.
Na jornada seguinte, Jesus põe o espanhol em campo. E os papéis
invertem-se. Passes falhados, bolas perdidas, entra Bruno César. E o
brasileiro joga, e joga bem, e devia ter sido titular.
Que treinador resiste a isto?
Rodrigo. Surpreendeu-me bastante! É um puto e joga à bola que se farta.
Mas desde a lesão causada pelo andrade no frio da Rússia... Foi pena.
Espero que volte forte na próxima época, sem traumas.
A direcção.
Só aparece quando está tudo a correr bem. Mas vá lá que não vão mandar Jesus embora...
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