Podiamos bater em Cristante, em Talisca, em Derley, em muita gente. Depois de as coisas acontecerem, é fácil dizer que A ou B jogou mal e devia ter jogado C ou D.
O problema do Benfica na Europa, especialmente na Liga dos Campeões, não é o ter jogado um Cristante que nunca jogou naquela posição. Ou melhor, não é totalmente esse o problema.
O problema passa pela maneira como Jorge Jesus aborda certos jogos. Desleixo? Não. Excesso de confiança na qualidade dos seus jogadores para ultrapassarem qualquer adversário? Talvez mais por aí. E isto não quer dizer que subestima os adversários. Quer dizer que acha que o Benfica vai a qualquer campo jogar à sua maneira e dita o ritmo do jogo. Uma mentira. Só o Barcelona de Guardiola é que o fazia.
Nestes jogos há que inventar. E que se cale quem acha que não.
Inventar não é por o David Luiz a lateral esquerdo. Ou o Gaitan a 10 (e quando inventou isso, ganhámos 2-0 no Dragão, mas como ganhámos ninguém se lembra).
Trata-se de encontrar uma estratégia para vencer o adversário. Uma estratégia diferente da mesma que, de forma geral, vence muitos jogos em Portugal, pois os adversários são mais fracos.
O inventar que defendo é outro. É um inventar que nos deu uma vitória por 1-3 em Londres frente aos Spurs. Um jogo onde estacionámos o autocarro, jogámos em contra ataque (com Amorim, Sulejmani, Cardozo na frente...) e marcámos 3 golos. É este o padrão do Benfica interno? Não.
O inventar que defendo é aquele que às vezes Porto e Sporting, por exemplo, usam contra o Benfica. E nem sempre correm bem, óbvio. Não se ganha sempre. Reparem no jogo da primeira mão das meias finais da Taça de Portugal o ano passado. Nunca se viu Herrera e Defour a juntarem-se tanto a Jackson como naquela noite. Ou no banho de bola que o Sporting levou na Luz sem William, onde Jardim jogou com 2 avançados e tentou tirar a bola de Enzo Perez com um Adrien que foi constantemente ultrapassado pelo argentino.
O que é que Castro e Jardim fizeram? Inventaram. Um ganhou. Outro não. Opções. Nem sempre o que se decide corre bem.
O que fez Jesus em Londres? Inventou.
O que fez Jesus frente à Juventus? Arranjou uma maneira de parar (ou condicionar, vá...) o sistema dos italianos. Passámos a eliminatória. Não defendemos como habitual.
De que se queixou Jesus o ano passado em Paris? Que Ibrahimovic fez movimentações que nunca fazia. Não duvido. Perguntem ao treinador dele o que preparou para aquele jogo.
E não vi nenhum jogo do Leverkusen, mas duvido que joguem na Alemanha a pressionar tanto, o jogo todo!
O que quero dizer é que ninguém impõe o seu jogo a este nível.
A Liga dos Campeões é muito mais que jogadores. É muito mais de treinadores do que aquilo que parece. É preciso mais criatividade (e ele bem diz que um treinador é como um pintor...) e invenção. Não nos que jogam, mas como jogam.
A melhorar, Jorge.
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