25/03/15

Largos dias têm 2 anos

 
Há dois anos o Sporting mudou. Uns dizem que para melhor, outros acham que tudo piorou. Analisar ou falar desta direcção, é falar do seu presidente. Nunca um dirigente desportivo foi tão escrutinado, tão falado, tão analisado. Isso também está relaccionado com o estilo de Bruno de Carvalho. É alguém que assume o que diz, que gosta de passar a mensagem alto e bom som para todos ouvirem e que (para o bem e para o mal) não se esconde.
 
Gestão financeira
Um pouco como no país, havia muita decisão díficil para ser tomada, muito onde cortar. Importava saber como e quando. Não seria expectável que alguns sectores do clube não sentissem o corte orçamental. Há atletas nas várias modalidades a sairem porque encontram oportunidades mais bem pagas, treinadores, menor capacidade de recrutamento em certas áreas, menos gente nos vários serviços do clube (atendimento ao sócio, por exemplo). Mas será que o clube se ressentiu tanto como se previa? Será que mais do que um corte, foi feito um ajuste que se tem revelado mais acertado do que muitos previam?
 
A reestruturação financeira (aos olhos de um leigo nestas questões) teve o condão de nos dar cerca de 10 anos para encontrar soluções, encontrar formas de pagar o que devemos de forma responsável e sustentável. No fundo deu-nos tempo para pensar como poderiamos fazer subir as receitas e como poderíamos descer as despesas. Se a segunda parte pode ser feita de forma mais célere, a primeira leva tempo. Uma marca desportiva valoriza-se com sucesso desportivo, o qual se torna mais dificil de atingir com orçamentos menores que os concorrentes directos. Não o torna impossível, mas mais difícil.


Estabilizada a parte da despesa,surgem agora novos desafios no lado das receitas. Há que subir os valores de camorotes e lugares business, assim como encontrar um novo main sponsor para as camisolas do futebol e conseguir um bom valor para o namming do estádio (e Academia). Mas lá está, os valores mais altos são pagos às equipas que ganham mais.
 
Gestão do futebol
Não somos campeões desde 2002 e não vencemos qualquer competição desde 2009. Faltam títulos, faltam vitórias. Seria possível que fossem atingidas mais depressa com toda a redução de custos efectuada? Acho que não. Creio que acabou por haver um efeito de anestesia pelo segundo lugar do ano passado que se estendeu quer a adeptos quer à direcção.


Temos de ser candidatos? Temos, sempre. Mas as nossas armas são diferentes, vão demorar um bocadinho mais a alinhar e a produzir resultados. O trabalho melhorou (até pelas vendas que foram feitas isso se nota) mas terá de ser afinado para vencer a diferença abismal de orçamentos. O caminho escolhido tem sido o correcto. Não há fórmulas mágicas ou modelos Borrussia ou Barcelona e estaremos sempre sujeitos ao erro. Não se vão acertar todas as contratações, não se vão acertar todas as decisões. Mas o caminho parece-me o correcto. É preferivel crescer de forma gradual e sustentada que fazer um all-in, as coisas correrem mal e dar quatro ou cinco passos atrás.


Concluir esta época com a vitória na Taça e (no mínimo) o play-off da Liga dos Campeões não será um passo atrás no crescimento.
 
Modalidades
Talvez a área onde se recuperou mais pujança, onde o Sportinguismo mais renasceu. Além da questão óbvia do novo pavilhão, com tudo de bom que nos trará, temos o ressurgimento de modalidades históricas no clube como o Hóquei, o Rugby e o Basquetebol. Houve cortes nos orçamentos, mas isso não se traduziu numa menor competitividade das diversas modalidades.
Nesse sentido, o fim de semana do 25 de Abril pode tornar-se histórico. São duas final four europeias no mesmo fim de semana em duas modalidades distintas. Alcançar vitórias nas duas poderia ser o boost final para a Missão Pavilhão que perdeu algum vigor nos últimos dois meses. A reconquista do título nacional pelo Andebol (ao fim de 14 anos) seria também um importante marco na reafirmação do Sporting como grande (ou a maior) potência desportiva nas diversas modalidades.
 
Comunicação
O ponto que mais discórdia gera entre os Sportinguistas e que mais alimenta os ataques e os gozos dos nossos rivais. É indiscutível que muita coisa mudou neste aspecto. Há (muito) mais informação a circular entre direcção e sócios, há uma maior proximidade, quer através das redes sociais quer através de outras iniciativas e, de certa forma, isso tem sido recebido com agrado por praticamente todos os sócios e simpatizantes.
 
Onde as coisas se dividem é na comunicação do Presidente. Muitos não gostam do seu estilo, truculento e sagaz para uns, quezilento e mal criado para outros. Eu fico num meio termo. Acho que certas "bicadas" são dadas de forma certeira e oportuna, mas outras declarações não me agradam tanto por uma questão de feitio. Não digo com isto que a maioria não seja acertada no seu conteúdo e que a forma não seja a adequada ao nosso futebolzinho de meia tigela. Eu é que não gosto de nos ver a ter de ir a esse nível. É uma questão de gosto, mas se calhar só os vencermos se formos à lama lutar com eles.


O que faltou
Mesmo com toda a transparência que a comunicação tem actualmente, há coisas que, a meu ver, continuam sem resposta.
O caso Marco Silva no Natal passado, as entradas dos investidores na SAD (já explicadas em R&C?), são algumas das coisas que não percebi e onde achei que faltou uma resposta mais clara.

Creio também que o trabalho de aproximação aos adeptos poderia ser afinado. Não há muitos produtos marca Sporting na loja verde, faltam umas camisolas vintage, quer do futebol quer de outras modalidades. Duvido que uma camisola branca com um leão rampante com o 4 de Livramento ou a Stromp que temos na foto aqui ao lado não vendessem bem. Até que ponto haverá um acordo com a Macron que nos impossibilite de vender itens desse género? Não sei.

Outra questão é o preço dos bilhetes. O que já foi feito é bom, mas ainda fica curto. Não é normal que um clube da grandeza do Sporting apenas esgote o estádio num único jogo. Já há o bilhete anti-crise, mas podem e devem ser tentadas outras formas de trazer mais gente ao estádio (e aos pavilhões já agora).

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