02/07/12

Alcochete, solução ou problema?


Muito se fala da grande formação do Sporting. Diz-se que Alcochete é melhor que La Masia. Mas verdadeiramente que grande talento já saiu da Academia de Alcochete?
Apenas me surgem três nomes. Moutinho, Patrício e Veloso. Nani apenas chegou aos 16 anos ao clube, Ronaldo e Quaresma ainda vinham do antigo José Alvalade.

Em 10 anos parece pouco, se considerarmos que nenhum dos três é um grande,grande talento. São grandes jogadores, não são fora-de-série.
Se pensarmos no retorno desportivo que o futebol teve desde que a Academia foi criada, o saldo não é negativo, mas está longe de ser considerado positivo. Duas taças, três supertaças e os famosos quatro segundos lugares não chegam para um clube que se quer grande. Se pensarmos no retorno financeiro, então a situação é ainda pior.
Moutinho e Veloso renderam 20 milhões de euros no total e ainda os passes de Nuno André Coelho e Zapater, os quais foram despachados ao fim de um ano por zero. A recente campanha portuguesa no Euro 2012 pode fazer com que ainda se juntem mais alguns milhões a este total. Mas é pouco não é?

O problema parece ser a gestão de expectativas de todos.

Os adeptos ao verem alguém da formação acham que estão diante do novo Ronaldo. Se o rapaz falha um passe no primeiro jogo, não serve, não presta. Aconteceu a TODOS os jogadores da formação que num passado recente jogaram pela equipa principal. Não há espaço para jogadores úteis, para jogadores que possam compor o plantel. O Sportinguista acha que de Alcochete só poderá sair um Ronaldo, um Figo, um Futre ou um Quaresma. Os bons jogadores também são necessários. Adrien não pode ser um bom jogador para disputar um lugar no meio campo? Carriço não pode ser o nosso 3º ou 4º central? Pereirinha não poderá ser o nosso lateral direito suplente? Até por uma questão de dinheiro. Estes são geralmente muito mais baratos.

Depois há que gerir as próprias expectativas de toda aquela rapaziada. É natural que um miúdo de 16/17 anos se deslumbre quando aparece frequentemente num jornal desportivo, quando passa a jogar em jogos que passam na televisão, que receba alguns " presentes" de empresários, em suma, tudo aquilo que arruinou Fábio Paim. O Sporting não pode esperar por essa altura para agir. Tem de preparar o terreno antes. Não pode confiar que o ambiente familiar vai ensinar o rapaz a conviver com os seus primeiros 15 minutos de fama. Nem todos têm o bom ambiente familiar que o Daniel Carriço aparentemente tem. Nem todos têm capacidade para entrar directamente na equipa principal. Alguns nem para o futebol profissional...

A equipa B é o elo que tem faltado nesta engrenagem. Os jogadores só se tornam melhores e mais experientes se jogarem. Foi o que aconteceu com André Santos em Leiria e com Adrien e Cédric em Coimbra.  A criação da B permite que muitos dos jogadores continuem a jogar com os companheiros com quem iniciaram um trajecto nos infantis, ao mesmo tempo que lhes dá uma real competição, algo que no escalão de juniores só existe na fase final. Tudo isto acaba por favorecer também a equipa principal. Um jogador integrado numa competição profissional mais disputada estará melhor preparado para reagir quando for chamado à equipa principal.

Por último a semi-bomba que abalou as capas de jornais nos últimos dias. Fala-se que a não renovação dos trinta contratos de técnicos da Academia se terá devido a uma reestruturação do corpo técnico, tentando que este seja composto por gente que seja mesmo Sportinguista e saiba passar os ideais do clube. Não me parece um mau principio, se for acompanhado pela competência.

A Academia é uma das muitas soluções necessárias para resolver este problema chamado Sporting. Tem é de ser afinada e tornar-se mais eficaz.

Não, isto do afinar não é nenhuma boca às eleições do ano passado.

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