01/11/12

A formação no Benfica : mito ou realidade?

Miguel Rosa


Muitos benfiquistas lamentam a falta de aposta nos jogadores oriundos da formação do clube. Existem opiniões divergentes em relação a este assunto, umas mais optimistas e outras mais pessimistas. Hoje em dia talvez haja mais matéria-prima para observar e opinar, nomeadamente com a criação da equipa B.
 
Recentemente surgiu um miúdo da formação na equipa principal: André Gomes. Este post surge na sequência deste acontecimentoe do aparecimento da equipa B.
 
Sempre que algum jogador surge desta forma, são imediatamente feitas comparações a outros jogadores que foram figuras do clube, passaram pelo clube, estrangeiros de renome, etc. Quando é nestas alturas que se tem de manter os pés assentes na terra...
 
O que fazer com os melhores da formação?
Raramente têm oportunidade directa na equipa principal. André Gomes e André Almeida (este último não formado no Benfica) são jovens que, sem as saídas de Javi e Witsel, muito dificilmente estariam no plantel. A meu ver, caso não tivessem tido esta oportunidade, deveriam estar na equipa B. Comparando o André Almeida desta época com o da época passada nota-se uma clara melhoria. Porquê? Tempo de jogo. A meu ver os jogadores com estas idades precisam de jogar. Se puder ser na nossa equipa B, onde são acompanhados e não são esquecidos, melhor. Dos jogadores que temos emprestados (e agora saltando para idades mais avançadas e/ou jogadores já com outra projecção) alguém acredita que por exemplo o Mora volte a jogar no Benfica? Ou o Jara? O mesmo se passa(va) com a malta mais nova. Noutra perspectiva, Nélson Oliveira é (para o bem e para o mal) internacional A e acredito que volte à Luz. Para tal, precisa de jogar. Aqui isso não ia acontecer. Talvez sem a saída dele não tivesse sido contradado Lima...
 
Quando é que têm lugar no plantel principal?
Para tal têm de ter qualidade, sem dúvida. O que questiono muitas vezes é a contratação de jogadores que pouco ou nada vêm acrescentar à equipa, sendo apenas para fazer número e serem terceiras ou quartas opções na posição que ocupam. Para quê contratar uma terceira opção? Um Felipe Menezes? Para essas opções há que ir buscar jogadores às nossas reservas, à equipa B. Permite que os jovens estejam em competição durante a época e, num caso de necessidade, serem chamados ao plantel principal. Isto não invalida algo que também apoio, a sua chamada aos A's sempre que a competição o justificar: Taça da Liga, Taça de Portugal com adversários de divisões inferiores, etc.
A verdade é que num clube onde se joga para ganhar tudo pensa-se no presente e não no futuro. Não se pode passar a vida a dar oportunidades aos jovens. Elas surgem, e por muito duro que seja, eles têm de as agarrar.
 
A visibilidade que a equipa B traz
Antes os benfiquistas sabiam perfeitamente que se devia apostar no miúdo que estava emprestado a um clube do Norte na 2ª divisão. Curiosamente nunca o tinham visto jogar. Agora podem assistir aos jogos, conhecer os jogadores e finalmente terem uma opinião válida sobre os atletas.
 
Os exemplos de outros clubes
Todos sonham com a cantera do Barcelona e vivem na utopia que a do Benfica funcione da mesma forma. Olhando mais perto, o Sporting tem sempre boas equipas jovens e agora uma boa equipa B. Tem nomes lançados na equipa principal. Porquê? Pelo facto de os miúdos serem excepcionais jogadores? Talvez não. Produzem bons jogadores sim, mas também produzem alguns em quem só apostam devido à dificuldade em contratar jogadores. E não estou a dizer nomes de ninguém, apenas que tanto em Alvalade como na Luz já se fez e disse trinta por uma linha de alguns nomes que se reveleram... flops.
 
Viver com o erro
Até Florentino Perez não quis Messi quando este era jovem. Há que saber viver com estas coisas... Dispensar jogadores jovens que depois singram noutros rivais. Faz parte. É normal. Ninguém adivinhava que um puto gordo dispensado do Benfica (e que se calhar na altura nada jogava...) chegasse a internacional A por Portugal cumprindo o resto da formação no Sporting. É o que dá lidar com jogadores que estão a desenvolver as suas capacidades. O que é verdade hoje pode ser mentira amanhã.
 
Alguns dos nomes a ter em conta
Não sei se Miguel Vítor é melhor que Jardel. Acho que sempre fizeram dele algo que não é. Não sei se conseguirá triunfar no futebol a um alto nível. O mesmo para Roderick. Tem jogado? Este é que devia estar cá na equipa B. Ali ninguém se lembra dele...
Um crónico da formação benfiquista, Miguel Rosa. Este acho que já merecia entrar a pouco e pouco no plantel principal. Não como titular indiscutível como alguns dizem, mas progressivamente. Acho que é melhor do que muito médio a jogar em Portugal noutras equipas e, lá está, melhor que os Filipe Menezes do futebol.
João Cancelo, a alternativa a Maxi. Não sei se será... até porque na equipa principal está outro jogador que também pode jogar nessa posição, André Almeida.
 
 
Resumidamente, agora que vejo efectivamente algum do trabalho a ser feito, muito por causa da equipa B, acho que se devia abrandar na contratação de alguns jogadores. A quantidade excessiva de estrangeiros que temos também assim o obriga, bem como os tempos difíceis que o nosso novo presidente tanto apregoa. Não vale a pena, como já disse, contratar sul-americanos de qualidade discutível para estarem sempre no banco. Para isso há os miúdos da B, que têm a possibilidade de serem alternativas na A e terem minutos na B, que é o que mais precisam.

2 comentários:

  1. Mesmo assim, André Gomes só fez o último ano de junior no Benfica, sendo proveniente do Boavista.

    Mas acerca do essencial, este post fala muito bem do problema da formação em Portugal. Para quê tanto e muitas vezes acesas diputas entre rivais para o recrutamento dos meninos aquando escolas, infantis e iniciados, para depois quando chegarem à idade de sénior, não terem oportunidades? Perdem-se milhares de horas (e euros) de ensinamentos aos miúdos dos 8 aos 18, do melhor que há no país e quiçá no mundo, para depois o objetivo principal (alimentar a 1ª equipa) não se concretizar...

    ResponderEliminar
  2. É verdade isso do André Gomes, esqueci-me de referir. E esse aspecto das disputas ainda é outro... pais que fazem esforços para que os filhos tenham sucesso no futebol, miúdos que também se esforçam, aqueles casos de treinar 2 vezes no clube "da terra" e vir treinar uma vez por semana a lisboa, etc... para depois nada!

    ResponderEliminar