17/08/14

As várias faces do Benfica de Jesus


Para embirrar diz-se que Jorge Jesus é teimoso e joga sempre da mesma forma desde que chegou ao Benfica. O que é uma valente mentira.

O que é jogar sempre da mesma forma? Ou quase sempre? É jogar com dois avançados? 

O futebol não é um desporto tipo xadrez, onde está tudo parado. São as dinâmicas e as movimentações dos jogadores que trazem a "diferença" nos sistemas.

Se, por exemplo, no primeiro ano se jogava com Cardozo e Saviola na frente - um mais fixo, outro mais móvel - com um "número 10" nas costas, Aimar, o ano passado também se jogava com dois homens na frente, mas praticamente "lado a lado". Mas para quem gosta de embirrar porque sim, é sempre da mesma maneira, com dois avançados, ou então diz que o médio defensivo vai sempre buscar a bola ao meio dos centrais, é sempre igual... como se "jogar" fosse só esse instante.

Jesus esta época está ainda à procura da melhor forma de encaixar os 11 jogadores em campo. Tanto na Supertaça como hoje começou com um Talisca bem próximo do único avançado em campo. Talisca ali perde-se um bocado. O ano passado era Djuricic que não sabia jogar de costas para a baliza adversária - ainda hoje na conferência de imprensa JJ disse que jogar de costas não é para qualquer um.
De melhor ou pior forma, chegou-se à vantagem numa boa combinação entre o médio esquerdo - que estava... no lado direito, e o lateral direito. Ora, como podem ver, isto não é lá muito estático...

Na segunda parte, com o recuo de Talisca (Enzo a sair por lesão... esperemos que não seja grave) jogou-se melhor, com um Benfica mais parecido com o da época passada. Talisca é um bocado trapalhão, joga "devagar", não decide depressa, mas até consegue fazer uns passes longos bem razoáveis. Na frente, Jara e Lima, praticamente lado a lado, faziam relembrar o Benfica da época passada. E hoje Jara fez o melhor jogo desta época, já que a pré-época foi um desastre. Com o red pass que JJ dá a Gaitan para partir para o meio (e que jogo fez o argentino), a equipa ganha outra capacidade naquela zona, ficando assim Jara responsável por abrir mais no flanco. Com naturalidade, fez-se o 2-0.

Com isto quero dizer que os bons treinadores não têm uma só maneira de jogar. Até podem jogar sempre em 4-4-2, 4-3-3, 3-5-2, o que quiserem... mas são as dinâmicas e as movimentações que trabalham para a equipa que fazem a diferença. E Jesus nunca jogou sempre igual ao longo destes anos.

Fica ainda a nota para o que Jesus disse no final. Que confia em Artur, mas isso não quer dizer que o Benfica não precise de guarda-redes. Ou que Artur tenha o lugar garantido. E uma segunda nota para Cosme Machado, um dos piores árbitros do futebol português. Nem é pelo penalty. É pelas suas exibições constantemente... más.



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