09/12/14

A inteligência de uns ou a burrice de outros?


O futebol é um desporto colectivo. São poucos os extraterrestres que conseguem fazer a balança pender para o seu lado independentemente dos colegas que têm em campo, por mais fracos que sejam. Ninguém joga sozinho, é verdade, mas alguns conseguem jogar mais sozinhos do que outros.

Aqui entra o treinador. O 11 de hoje do Benfica, num jogo de pré-época, com pouco tempo de trabalho, seria uma anedota. E numa equipa feita de "individualidades" e não de uma série de jogadores que trabalham com um conceito único - o de equipa - também passaria mal. Uma derrota seria automaticamente desculpada como um 11 sem rotinas. Uma vitória seria uma chapada de luvra branca no treinador, porque até os suplentes jogam melhores que os titulares. Um empate é a tal coisa, os pormenores individuais do Pizzi. Enfim, o chamado ver bola pelos olhos de comentador desportivo.

César e Lisandro num jogo da Champions? O suficiente para deixar muita gente a tremer. Mas a defesa do Benfica - juntamente com um André Almeida que já está muito rodado nos princípios colectivos e um Benito que parece ser, destes 4, o mais fora das ideias, esteve muito bem. Dá-me gozo ver o Benfica ganhar, claro. Mas em jogos destes, onde não há grande coisa em jogo e onde quase nada nos pode dar uma alegria, fico satisfeito em ver 4 gajos que nunca jogam juntos a conseguirem apanhar várias vezes a equipa adversária em fora de jogo. Porquê? Porque há trabalho de equipa. Repito-me, mas como Jesus disse, não joga o Matic, joga o Manel. E à medida que a época avança, isto nota-se cada vez mais.

O futebol precisa de jogadores individualistas claro, aqueles que levam o seu futebol individual para dentro de campo com o objectivo de ajudar a equipa e respeitando os princípios que a equipa trabalha durante a semana. Há um Salvio, ou até um Ola John que podem ser enquadrados nesta categoria. Mas curiosamente os melhores jogos que fazem são aqueles onde conseguem ser colectivos com a sua individualidade. 

Pizzi não é, hoje, um jogador acima da média. Mas aparenta, do que tenho visto dele, ser um tipo extremamente inteligente. Estamos a falar de um médio direito/médio ofensivo centro que, por embirrância do mister (mais uma, tal como a de Coentrão, Matic, ou até a utilização por recurso de Enzo a médio centro - digo isto porque a malta só gosta de se lembrar das más adaptações) tem sido arrastado para a posição de um argentino. E curiosamente, bem. Pizzi parece entender exactamente aquilo que a equipa pede do jogador que joga naquela posição e, como também não tem duas tábuas no lugar dos pés, fez um excelente jogo. Vejo-o como o natural substituto de Enzo Perez em campo. Parece ser o jogador mais adequado para aquela posição, além do argentino. A ter em conta, caso haja uma saída em Janeiro. Cristante também se articulou bem com Pizzi. Mas pronto, a malta só vê os brilharetes individuais... Há que saber apreciar o futebol como um jogo colectivo.

Lima e Derley - muito esforçados. Lima já conhece as bocas de Jesus de trás para a frente, e faz por isso, por jogar para a equipa. Corre muito, luta muito, joga muito mas está a anos luz do que já foi em termos de finalização. Derley também não parece ser parvo - pode não ser nenhum prodígio - mas encaixa cada vez melhor no que a equipa pede. O mesmo para Talisca, que teve alguma evolução no início do campeonato. Agora anda perdido outra vez.

Tiago (ou Bébé para os amigos) só não é dos maiores flops do Benfica porque já tivemos jogadores como Pesaresi, por exemplo. E não tenho nada contra o rapaz. Ele esforça-se. Mas joga a pensar em si. A série de bolas que não passou a um colega deixando-o na cara do golo foi gritante. Há pequenos pormenores de jogador de distrital que são deliciosos. O de ir pressionar o lateral adversário que está à espera dele para chutar contra ele, e ganhar o lançamento. Tiago vai lá orgulhosamente meter o pé em vez de deixar a bola sair. Pressionou, mostrou raça, esforçou-se. Os adeptos aplaudem. Tiago fez um grande jogo! Não. Na realidade, é apenas mais uma das parvoíces que nem um iniciado faz.

Até Nélson Oliveira (!) que já critiquei várias vezes, mas sempre com uma pontinha de esperança, entrou bem. E porquê? A sua primeira intervenção foi ar um remate fácil a Talisca, que por pouco não resultou em golo. É muito importante que Nélson Oliveira perceba - como hoje percebeu, resta saber se foi só hoje - que ganha mais em fazer 5 assistências do que em fazer 30 remates para marcar 1 golo. Tem técnica, parece ter acalmado (ou ter levado um banho de humildade) e mostrou mais hoje em 15 minutos do que Jara numa pré-época inteira. Outro que joga para si.

João Teixeira foi lançado, e é outro que comparo a Pizzi. Não é nenhum prodígio, mas é inteligente. Sabe ver, decidir, optar, nem sempre bem claro, é um miúdo. Mas não está em campo porque sim, ou a jogar para si como os Bebes e os Jaras que por aí andam. Eu juro que um dia faço um post sobre "Benfica e formação", se algum dos meus assíduos 3 leitores quiser. Mas isto com a máquina do futuro no Seixal agora é que vai ser, é ver os Messis a saírem dos portões do Seixal para irem triunfar nos Valencias que para aí andam.

Domingo, o jogo decisivo que não o é. Podemos levar 3, mas acho que também podemos dar 3. Lopetegui já mostrou ser capaz do melhor, e do pior. Mas Jesus não se dá muito bem com equipas estrangeiras... 

Domingo é para ganhaaaar... tal como se ouvia nas bancadas hoje.



Sem comentários:

Enviar um comentário