01/12/14

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra


O Benfica é um clube de extremos. E não falo de Gaitan e Salvio. Falo do ganhamos - está tudo bem e somos os maiores, 15-0 todos os jogos e do perdemos - está tudo mal, era despedir todos, vai ser tudo vendido, ai que agora é que vão ser elas.

Em vários posts defendo Jorge Jesus, e já me assumi como apreciador das suas qualidades como treinador, defendendo às vezes até o indefensável. Não porque eu tenho razão, mas mais porque há críticas que se fazem que não deviam ser feitas a ninguém. Mas é como tudo na vida - se gostamos, defendemos. Se não gostamos, atacamos porque sim e porque não. Um pouco como Jorge Jesus na vida dos benfiquistas.

Uma das críticas que sempre fiz ao nosso treinador foi a incapacidade de seguir em frente na Liga dos Campeões. Acho que faltava (e ainda falta...) estudo dos adversários e adaptar a equipa aos jogos europeus. Na Europa é que se deve inventar. E como já disse várias vezes, não é a por o David Luiz a lateral esquerdo. É a explorar as debilidades do adversário e jogar de acordo com esses buracos. Não tentar impor a nossa maneira de jogar em todo o lado. Na Champions há plantéis mais fracos mas equipas muito mais fortes. E aí entra muito o trabalho do treinador.

Agora... se queria estar na Liga dos Campeões ainda? Ou pelo menos na corrida para o apuramento? Claro que sim. Ficar em último é um trambolhão enorme. E continuo a achar que Jorge Jesus, se continuar na frente do Benfica, TEM mesmo de ultrapassar mais vezes a fase de grupos. A rever este capítulo no final da época (mais a história da renovação, isto vai encher jornais durante semanas...)

Mas... nem tanto ao mar nem tanto à terra. Quando comentadores apregoavam o descalabro, o início da crise, o fim do mundo benfiquista... o Benfica foi a Coimbra, jogou bem, e ganhou com facilidade. Valeu o grande passe de Enzo para um grande golo de Gaitan, e um frango do guarda-redes da Briosa. Talisca não esteve em campo e Jonas continua a jogar à bola que se farta, mesmo que não marque. André Almeida voltou a fazer um jogo bastante competente na lateral esquerda.
Esta semana vai haver mesmo especialistas a falar da resposta categórica do Benfica. Tretas... escrever e comentar consoante a maré deve ser fácil. Não mudámos assim tanto desde que ganhámos ao Monaco em casa para quando perdemos com o Zenit, e também não mudámos assim tanto de 4ª feira passada até ontem.

Há gente que já sofre por antecipação com a ida ao norte daqui a 2 semanas (!!!!) como se estivessemos em Maio e o Kelvin fosse titular na equipa de azul. Mais uma vez aqui os benfiquistas se dividem - os que acham que vamos lá espetar 3, e os que acham que vamos sair de lá com o saco cheio. Ainda falta um jogo pelo meio que ninguém pode esquecer que é para ganhar. Relativamente a esse jogo, falarei depois. Também já há gente a sofrer com o mercado de Janeiro. Preocupa-me mais o que a nossa equipa faz em campo do que as eventuais saídas.

Jesus disse uma coisa feia mas que tem o seu quê de verdade. Ficar fora da Europa pode trazer vantagens a nível nacional. Se nos queixávamos tanto que o plantel era curto... pois, já pagámos as consequências disso. Mas também temos de concordar que, com menos jogos, as coisas podem eventualmente correr melhor em Portugal. No entanto, isto não é motivo de satisfação para ninguém, nem pode ser.

Para finalizar reforço mais uma vez o título deste post. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não estamos formidáveis, mas também não somos os piores de sempre. Estamos no início de Dezembro, em 1º, com uma ligeira vantagem para o 2º e 3º. Há muita época e mais vale, seja em que altura do ano for, olhar para "cima" e não ver ninguém.


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