04/03/15

Economistas de futebol


Despesas
Porto - 28 milhões de euros
Benfica - 23 milhões de euros

Sporting - 10 milhões de euros

Estas são as despesas com salários dos 3 grandes para o primeiro semestre da temporada. A diferença é notória e faz-nos perceber que as palavras só têm significado quando acompanhadas pelos actos.

O lema desta direcção sempre foi "fazer mais com menos". Não tem estado livre de erros, mas de certa forma esse lema tem sido seguido. O Sporting tem sido competitivo q.b. com um orçamento mais baixo. Poderia (e deveria) estar mais próximo no campeonato, mas com este contexto seria de malucos pensar que o Sporting teria a obrigação de liderar o campeonato ou ter batido o pé ao Chelsea em Stamford Bridge.

Receitas
Olhando para o lado dos proveitos, o caminho ainda é longo.
fonte : http://oartistadodia.blogspot.pt/
A SAD do Sporting perde em algumas áreas para os rivais, estando na mesma ordem de grandeza noutras. 

Olhando depressa para os números,  o Sporting gasta menos 13 a 18 milhões que os rivais com pessoal, mas também tem proveitos 19 a 23 milhões inferiores. Isto, aliado à reestruturação financeira, traduziu-se num aumento dos capitais próprios e numa redução do passivo. A SAD deixa de estar em falência técnica. Tenho curiosidade para saber desde quando é que a SAD não se encontra nesta situação. Arriscaria que desde 2002 que tal não acontece.

Onde apostar
Olhando para os proveitos, há áreas que são imprescindíveis. É notório o peso das competições europeias, o que aumenta bastante a importância de segurar o terceiro lugar. Refira-se que a ida à Liga dos Campeões tem também influência na bilheteira e na venda de bilhetes de época, uma vez que o clube costuma juntar a fase de grupos às gamebox.

Como é óbvio nem tudo pode ser atacado de uma vez. Os direitos televisivos são o que são e só podem ser renegociados em 2018.

Restam os Patrocínios e Publicidade e os Camarotes.

É sabido que no final da época os 3 clubes vão deixar de contar com o patrocínio da PT. O Benfica parece já ter resolvido o caso com a Fly Emirates, faltando saber quem apostará em Sporting e Porto. A importância do terceiro lugar sobe (Europa dá mais visibilidade às marcas), assim como a vitória na Taça. As grandes empresas gostam mais de se juntar aos clubes que ganham. A hipótese do namming do estádio não me chocaria, mas será que há interessados ou será que há quem pague um valor razoável?

Uma eventual vitória no Jamor tem também influência sobre os camarotes. É sempre mais apelativo ir a estádios onde se ganhe mais vezes. O próprio serviço terá de ser melhorado. Nesse aspecto o Benfica segue bastante à frente, como podem ler aqui.

A equipa
Também vão ter de ser tomadas decisões neste capítulo. 
Valerá a pena renovar com Cédric, Martins e Carrillo ou são já para vender? 
Será de aproveitar a valorização de Slimani? 
Será que alguém bate 25,30,35 milhões por William? 
O que fazer com os elevados salários de Viola, Rubio, Labyad, Miguel Lopes e Capel? 
Havendo vontade do jogador, pode haver algum esforço para tentar segurar Nani mais um ano?


O caminho seguido está certo e os bons sinais que a equipa vai dando em certas ocasiões corroboram isso. Há sempre ajustes a fazer, mas a base existe e é sólida. Termino com uma citação de um rival.
"No imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro a dedicação goleia o dinheiro." Tem 100 anos, mas é actual como nunca.

2 comentários:

  1. Boa tarde. Em primeiro lugar, muito obrigado pela análise comparativa, muito útil.

    Na medida em que analisou os R&C dos 3 clubes, aproveito para perguntar qual a razão, no seu entender, justifica que em ano de Liga dos Campeões, as receitas correntes do Sporting sejam pelo menos cerca de 35% dos seus rivais (descontando um "efeito Benfica TV")? Ou se descontarmos o "efeito desportivo" no Porto (que gera as receitas da Liga dos Campeões), qual a razão para que as receitas correntes sejam 25% inferiores?

    É por ser um clube mais pequeno, menos atractivo? Tem menos adeptos? Menos adeptos que queiram contribuir? Menos projecção internacional?

    Refere que o caminho seguido está certo, é por entender que o Sporting não pode aspirar a ter receitas correntes mais elevadas? Ou que os rivais sofrerão uma acentuada quebra nos seus rendimentos (note-se, por exemplo, que os rendimentos obtidos pelo Porto esta temporada já superam duas participações directas na Liga dos Campeões e, que atendendo à actual distância pontual do Sporting, dificilmente o Benfica deixará de se qualificar directamente para a próxima edição da Liga dos Campeões)? Entende que é possível aumentar o nível de receitas para ombrear com os dois mais directos rivais?

    Uma pergunta um pouco mais complexa: como entende ser o efeito cumulado destas diferenças de orçamento?

    Como ter em conta, por exemplo, que num quadriénio, mantendo-se estes valores (e é um ano em que os 3 clubes participaram na Liga dos Campeões, algo que se poderá considerar ser uma excepção) as receitas do Sporting serão de 131,6 milhões de euros, as do Porto serão de 201,14 milhões de euros e do Benfica serão de 223,53 milhões de euros - respectivamente 69,54 milhões de euros e 91,93 milhões de euros mais baixo. Ou uma diferença de receitas ordinárias de 91,91 milhões e de 114,91 milhões num período de 5 anos?

    Grato antecipadamente.

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  2. Obrigado eu pela visita

    A análise que fiz é rápida e feita por alguém que não é da área. Há uma mais pormenorizada no Artista do Dia.

    As receitas explicam-se por esses dois factores que referiu, mas também pelos patrocínios e publicidade, até pelas quotizações. Como pode ser no blogue que acima referi, a SAD do Sporting não recebe qualquer percentagem das quotizações, que vão inteiramente para o clube. Se esse valor entrasse, seriam mais 900 mil euros. Há também a questão dos camarotes como referi.

    A razão prende-se com as vitórias, com os títulos. Vitórias geram entuasiasmo e entusiasmo gera dinheiro. Basta ver que este ânimo introduzido com a nova direcção elevou as receitas de bilhética para valores acima dos que o Porto consegue, Porto esse que dominou o nosso futebol durante 30 anos. É tudo acção - reacção. Quando se ganha há mais dinheiro, quando se perder o contrário.

    Quando refiro que o caminho está certo falo na conjugação de aumento de receitas e diminuição de custos. É verdade que Porto e Benfica recebem mais, mas também gastam mais, demasiado em certos anos. O Sporting sofreu do mesmo problema sem que os resultados desportivos compensassem esses prejuízos e daí ter chegado à situação em que chegou. Daí achar que não há volta a dar, é necessário aumentar receitas e continuar com custos baixos, podendo os mesmos aumentar consoante o aumento das receitas. Toda a questão da reestruturação financeira tem muito peso nisto tudo, há dividas e VMOC's a pagar.


    Esse efeito a longo prazo é evidente. É óbvio que nem sempre os mais caros são os melhores, mas muitas vezes os melhores são os mais caros. Treinadores, jogadores, médicos, o que quiser. Esse efeito sente-se sempre.

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