31/05/14

Sporting : como acrescentar mais qualidade

Na cabeça de todos ainda está fresca a boa época que o Sporting realizou. Poderemos até considerar que a época foi muito boa se tivermos em conta todas as condicionantes, quer desportivas quer financeiras. Com a divulgação do R&C ontem, confirmou-se que o trabalho está a ser bem desenvolvido nas duas componentes.

Vamos por partes.

Treinador
Leonardo Jardim foi sem dúvida um dos grandes (ou talvez o maior) obreiro da última época. Poucos esperariam um ano tão bom tendo em conta o passado recente e o grande desinvestimento que a equipa sofreu. Aqueles que agora dizem estar satisfeitos com a saída de um "mercenário" são hipócritas e mal agradecidos. É certo que o Sporting projectou Leornardo Jardim, mas muito do bom que se viu na época que agora termina, deve-se ao bom trabalho do madeirense. Algo que não se verificou apenas no Sporting, mas por todo o lado por onde passou. Que assim continue no Mónaco, que o Sporting tirará dividendos do seu sucesso. Isto leva-nos a outro ponto. A temporada foi de tal maneira inédita que pela primeira vez o Sporting vendeu um treinador. 3 milhões no imediato e mais 3 que dependem do sucesso de Jardim no principado são um bom negócio.

Marco Silva é o homem que se segue. Deu muito boas indicações no Estoril (onde nunca perdeu com o Sporting), mas a exigência vai ser diferente. Penso que a sua ideia sobre como deve jogar se ajusta ao Sporting, ser dominante durante os jogos. Restará saber como o fará quando não tiver o espaço que as outras equipas davam ao seu Estoril. De qualquer das formas tenho confiança no seu trabalho e essencialmente em quem o escolheu. A celeridade com que todo o processo foi tratado revela o tipo de trabalho que agora se faz em Alvalade. A bola que bate na barra e não entra perdeu muita importância.

Plantel

Olhando para o rendimento da última época o Sporting gravitou à volta de 14/15 jogadores. Os 11 titulares, Slimani, Mané, Wilson/Héldon e Dier. Acabou por chegar, tendo em conta que não houve competições europeias e que fomos prematuramente eliminados na Taça de Portugal. Mesmo assim, foi evidente, especialmente no final da época, que não existiam muitas soluções no banco, particularmente no meio-campo. 

William, Adrien e até Martins nunca tiveram concorrência à altura. Com o regresso de João Mário e a contratação de Slavchev o problema poderá estar resolvido. Continua no entanto a faltar o chamado 10. Será Shikabala ou terá de haver nova contratação? Falta saber se Vitor e Wallyson, por razões diferentes, contam para a nova época.

Para a defesa já chegou Paulo Oliveira, a meu ver para ocupar a vaga de Dier que assumirá a titularidade com a mais que provável saída de Rojo. Cédric terá em Petkovic o seu concorrente directo. Fica a faltar um central para fechar o quarteto (Tobias?) e um concorrente para Jefferson.

No ataque a coisa é mais bicuda. Se Montero e Slimani corresponderam em alturas diferentes (e mesmo assim devem contar com mais um concorrente), nas alas apenas Mané fez uma boa época. Todos os outros foram demasiado intermitentes. Capel deve sair, pelo ordenado e até aproveitando uma ponta final de campeonato de maior fulgor. Héldon não deve sair ao fim de 6 meses. Sobram Carrillo e Wilson. Um dos dois sairá. Carrillo é talvez o maior talento do plantel, mas é também o seu jogador mais irregular. Wilson é um bom rapaz, da formação, talvez mais útil como segundo avançado do que como extremo. Pode ser útil, mas creio que a sua permanência dependerá do que se conseguir encontrar no mercado. A estas contas podemos somar Esgaio, que pelo rendimento que apresentou na equipa B nos últimos 2 anos merece uma oportunidade.

Fazendo as contas de forma rápida, o plantel contará com 24/25 jogadores. Um número ligeiramente superior a este ano, mas que se justifica. Na pior das hipóteses o Sporting terá mais 10 (4 de campeonato e 6 na Champions) jogos na próxima época, levando a que o plantel seja mais extenso, em quantidade e qualidade.

Pelos jogadores que já entraram e pelos que se dizem poder vir a entrar, muitos vão atacar o Sporting dizendo que não apostará na formação como em outros anos. No mínimo mais um jogador da formação fará parte do plantel e a integração desta malta não pode ser forçada, apenas para que um Jorge Mendes desta vida nos venda o menino ao magnata de Singapura. Se todos os anos pudermos subir 1 ou 2 miúdos de forma sustentável e responsável, já será muito bom.

Olhando para tudo isto e sabendo que as trutas não vão existir, o Sporting partirá sempre atrás de Benfica, principalmente, e Porto. Mas parte muito menos atrás que na época anterior, o que só abre boas perspectivas para a próxima.



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